“O que é pior, parecer ciumenta ou louca?”
(Trecho de Hold Up, do álbum Lemonade, da Beyoncé)
Descobrir que fui traída foi uma das piores sensações que já experimentei na vida.
Foi na madrugada, no aconchego da minha cama, nos braços de quem amava, que recebi a notícia.
O baque demorou alguns segundos pra bater. Talvez tenha sido a voz mansa com que ele me fez a revelação, o fato de que estávamos em um ambiente seguro em que tudo podia ser conversado (tudo mesmo) ou ainda a noção de que uma confissão voluntária anularia em parte a ofensa cometida.
Fiquei alguns segundos em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo. E então caiu a ficha. Eu tinha sido traída.
Euzinha, que tanto lutei por honestidade nos relacionamentos, que sempre deixei o caminho aberto para qualquer tipo de conversa sobre qualquer assunto, que sempre fui tão dolorosamente transparente em relação ao que sinto e faço esperando em troca reciprocidade. Alguém em quem eu confiava plenamente mentiu para mim e traiu a minha confiança.
Ser honesta, mente aberta, amorosa e uma companheira maravilhosa, nada disso me protegeu contra a dor de um cara egoísta que decidiu me enganar para conseguir o que queria. Mencionei que ele me traiu sem camisinha, pouco depois de me convencer que a gente não precisa usar porque nosso relacionamento era sério? Traição com requintes de crueldade.
Lembro da sensação de afundar nos lençóis enquanto as lágrimas forçavam o caminho. Ele tentava me abraçar, relativizar, dizer que me amava, querer conversar, e eu só queria sumir.
Não demorou para a raiva chegar. E chegou com força.
Solucei, gritei, xinguei, fumei, tremi inteira. Como alguém que eu amava e admirava, a quem confiei meus segredos, com quem chorei minhas dores, que pediu para morar comigo, que dizia me amar e fazia planos para o futuro comigo, foi capaz de conscientemente me causar tanta dor?
Aquela noite, demorei a me acalmar, e o sentimento que restou foi uma mistura de exaustão, tristeza e desilusão. O amor me pareceu uma grande farsa. Confiança, decerto, era uma grande utopia. E eu, eu era uma grande trouxa. Por ter dado abertura para alguém me machucar nesse nível. Por ter esperado reciprocidade da fidelidade. Por acreditar quando ele me dizia que eu estava louca por achar que ele estava ficando com ela.
Ser traída me matou um pouco e me lançou numa das fases mais escuras da minha vida. Nunca vou esquecer.
Beyoncé lançou um novo álbum, Lemonade, e muitas das músicas falam em traição. É uma facada atrás da outra no marido Jay-Z. Alguns trechos me rasgaram a alma.
Fui dormir admirando Queen Bee. Não é fácil transformar a dor da traição em arte, expor seu coração quebrado ao mundo e seguir vivendo sem se esconder.
Minha esperança é que, ao escrever sobre isso, assim como ela fez, eu encontre algum tipo de sublimação para essa cicatriz que eu nunca quis, mas que sempre vai me acompanhar.
“Digo a estas lágrimas, ‘caiam e sumam’. Que a última delas queime em chamas”
(Trecho da música Freedom, também do álbum Lemonade de Beyoncé).
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Cintia, pela primeira vez vim comentar teu blog, apesar de acompanhá-lo à tempo..
Bom, passei pelo mesmo que vc faz 3 anos. E é uma dor impossivel de explicar.. justo da pessoa que vc ama, confia.. é horrível, absurdamente doloroso..
Mas posso te dizer que um dia a ferida cura. Eu, diferente de vc, optei por continuar meu casamento. E te digo que isso me ajudou a superar. Hoje confio QUASE que totalmente, afinal uma vez perdida a confiança, dificil recuperá-la. Com esta pessoa ou mesmo com a próxima...
Enfim, só vim compartilhar que tua dor já foi a minha e com certeza é a dor de muitas. Dificil é assumirmos.. mais ainda quando perdoamos... a sociedade julga e muito.
Um beijo grande pra vc..
Danielle, dei até uma choradinha com seu comentário <3 Senti daqui seu abraço virtual! Obrigada, viu? E força por aí, que não é fácil nem de um jeito, nem de outro... (e comente mais!). Beijos!!