“É o único viado que não merecia morrer”, desabafou um amigo da igreja um dia. Era para ser um elogio a Freddie Mercury, vocalista falecido do Queen, banda que ele amava, mas suas palavras dizem muito mais sobre ódio que sobre amor.
Não acredito que meu amigo desejava de verdade a morte de ninguém. Talvez ele imaginasse uma solução mágica (cura gay?) que acabasse com essa gente e fizesse do mundo um lugar melhor. Ainda assim, era ponto comum entre todo mundo no nosso grupo de jovens: todos queriam distância dos gays (e dos espíritas, das meninas que não se davam valor e dos pagodeiros).
Foi dentro das paredes da igreja, das mesmas paredes onde havia versículos sobre o amor de Deus pendurados, que mais aprendi sobre o ódio.
Estava aqui ouvindo Queen, refletindo nas belíssimas palavras escritas pelo Freddie sobre a vida e o amor, e me peguei pensando nisso…
E cheguei à conclusão que, olha, isso só reforça a minha resolução de vida mais forte no momento: eu quero distância do ódio.