Nem assistia àquela novela, mas Carol Dieckman passando a máquina ao som de Love by Grace, debulhada em lágrimas, é uma cena que me marcou. Sempre achei que seria assim se um dia fosse comigo.
Até que um câncer de mama pegou dona Lu Freitas.
Ela me deu a notícia como quem tira um band-aid, e já foi logo ali resolver qualquer coisa. Fiquei sem saber como ajudar. Orei pela Lu, amei a Lu e fiquei na torcida. Ela fez a cirurgia, tirou a porra toda, o pior já passou, e chegou o momento de começar a quimio pra purificar por dentro. Mas era hora de ficar careca, do drama simbólico todo. Me coração apertou por aqui.
Mas não é que a Lu e suas Luluzinhas me surpreenderam?
As danadas inventaram uma festinha intimista pra rapar a cabeça da Lu. Transformaram este momento em um ritual de passagem cheio de leveza, carinho e beleza. Uma celebração da vida, de cada vitória que a Lu já conquistou no tratamento e das que estão por vir.
Beberam, comeram, cantaram e deram fim nos cabelos de uma Lu maquiada, valente e cheia de esperanças, no maior clima “pau no cu do câncer“, como relataram.
Let e Dê (que nunca bateram muito bem da cabeça <3) raparam também. Gabi e Andrew clicaram tudo, num dos ensaios fotográficos mais lindos, fortes e simbólicos que já vi na vida.
Quem tava lá também era a Rebecca, filhota de oito anos dos fotógrafos que testemunhou, já na tenra idade, o poder transformador das gargalhadas.
E como a Lu tem esse dom, de ajuntar pessoas para fortalecer cada um, surgiu o Descabeladas – blog que começa com os relatos de quem estava lá e, conhecendo esse povo, vai virar uma comunidade de mulheres compartilhando suas maneiras de lidar com esse bicho feio que é o câncer.
Lu Freitas é inspiração. Carol Dieckman ficou pra trás na memória. Agora, quando a vida vier com suas adversidades, vou é lembrar dessas fotos da Lu mandando o câncer pra puta que o pariu.
Fotos: Gabi Butcher e Andrew.