Eu sou o trânsito

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Outdoor: “Você não está preso no trânsito. Você é o trânsito”. Do interessantíssimo Copenhagenize.

São Paulo está em uma situação crítica de transporte.

Os engarrafamentos estão cada vez maiores, mais parados e mais longos. Não existe horário de pico. O rodízio, que nos obriga a deixar o carro em casa uma vez por semana, já não faz diferença nas ruas. O paulista passa boa parte do dia preso no trânsito, irritado, estressado e nervoso.

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Grafiti do grupo Mundano: “Mais tempo no trânsito do que com a família!”. Perturbador, não?

Os ônibus continuam lotados de deixar os passageiros machucados. O metrô está se expandindo, mas num ritmo lento. As ciclofaixas estão surgindo timidamente, mas ainda focadas no lazer do fim-de-semana, e não como alternativa aos veículos tradicionais. Morre um motoboy por dia em São Paulo.

Sou uma pessoa privilegiada. Depois de anos enfrentando engarrafamentos, ônibus e metrôs que pareciam latas de sardinhas, consegui alcançar um status raro. Moro perto da agência, trabalho fora do horário de pico e tenho um carro com ar condicionado.

Assim, meu trajeto casa-trabalho é, em geral, agradável. Mas é nocivo para a cidade.

Eu sou o trânsito. Eu sou a poluição.

O problema é: qual é a alternativa?

Não quero voltar para aquele aperto incômodo e aquela lentidão que são os transportes públicos. Pensei em comprar uma vespinha, mas não quero participar da roleta russa que é andar de moto nessa cidade. E essas duas opções reduzem, mas não eliminam o problema da poluição.

Namorei a idéia de comprar uma bike (elétrica, pra não morrer nas subidas). Transporte limpo, agradável e, de quebra, uma forma de excercício físico (Deus sabe como estou sedentária). Já viram essas bikes estampadas da FARM, que amor?

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Visualmente óbvio. Daqui.

Mas e o perigo, Brasil? Hoje, morreu mais uma ciclista atropelada por um ônibus lá na Av. Paulista. Enquanto brigava como o motorista de outro ônibus, que deve ter quase a atropelado também.

Eu não tenho essa coragem. Sigo com meu carrinho com airbag, dando carona sempre que possível para dividir a pegada de carbono per capita, usando etanol em vez de gasolina, respeitando os ciclistas com que cruzo enquanto dirijo e sonhando com uma ciclovia permanente na R. Estados Unidos.

Quem sabe um dia…

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