Cabelo ruim. Tá aí uma expressão que eu abomino.
“Good Hair”, documentário de Chris Brown sobre a “síndrome do cabelo bom” que assola a comunidade negra nos EUA.
Por que raios as pessoas pressupõem (e perpetuam, cada vez que usam a expressão) a idéia de que cabelo crespo/cacheado é ruim e cabelo liso é bom?
Cabelo bom, para mim, é cabelo saudável, bem hidratado, cheiroso, sem pontas duplas. Cabelo ruim é o oposto disso. Liso, crespo, ondulado, cacheado, ralo, volumoso, curto, longo, tanto faz. Todos tem suas particularidades, seus jeitos de ficar lindos e medonhos.
Meu sonho é ter uma filhota de cabelo cacheado. Já fico me imaginando enrolando os dedos nos cachinhos (enquanto ela deixar e não me chamar de chata). Outro dia, quando contei isso, o povo me rechaçou. “Sua filha vai te xingar por ter desejado isso pra ela”.
Pô, gente.
Beleza está na diversidade
A beleza da vida está na diversidade. Feio é todo mundo ter a mesma cara, o mesmo cabelo, a mesma fala, sem opinião, sem personalidade.
Eu não quero que minha filhota se sinta estranha por ter o cabelo que vier a ter. Não quero que ela não suporte ter o cabelo que tem ou, pior, tenha ele destruído pela quantidade absurda de química usada.
Baixo astral demais, gente. Conheci duas amigas africanas, de cabelo crespo, que vivem de bem com suas madeixas, vindas de países em que, suponho (e torço), esse preconceito não seja tão forte. E elas são lindas, parecem auto-confiantes e seus penteados são demais – do black power ao turbante (outro dia, me ensinaram a fazer turbante, mas ficou ridículo em mim!).
Vamos colaborar prum cenário assim por aqui também? Vamos parar de dividir cabelos, cor da pele, formato do corpo, cor do olho e outras particularidades de cada um entre “bom” e “ruim”? Pra minha filhinha, quando chegar ao mundo, ser feliz do jeito que ela sair!
Vale uma homenagem às minhas crespas e cacheadas favoritas da vida!
Lara Januário, Lili Ferrari, MaWá e Thaís Souza, essas lindas!