Minha primeira corrida: como foi correr 5K

Mês passado, eu fiz minha primeira prova de corrida! Corri na modalidade 5K na prova Meia de Sampa. Foi uma experiência de superação e conquista muito grande para mim, especialmente com meu histórico médico… Porém, tive altos e baixos, e não saí ilesa… Eis o meu relato, tintim por tintim, para quem se interessar!

Meu histórico médico

Faz 9 anos que comecei a treinar para fazer correr 5K. Eu lembro bem porque, na época, fui diagnosticada com neuropatia fibular, uma doença de mobilidade reduzida. Passei dois longos anos frequentando médicos, tomando remédios, fazendo fisioterapia e usando um aparelho ortopédico até que finalmente consegui recuperar quase todo o movimento dos meus pés e consegui caminhar sem a minha órtese. Muita gente, aliás, conheceu esse blog por conta do meu post com relato da doença.

Depois disso, eu fiquei um tempão sem nem querer ouvir falar de corrida. Meu ex-marido era corredor e eu o via fazendo as provas e pensava: não é pra mim, eu nunca vou conseguir correr isso tudo…

Corrida: blogueira Cíntia Costa corre na categoria 5K na 21K Sudamericano - Meia de Sampa 2016, anos depois de ter alta da neuropatia fibular.

A volta para a corrida

Pois recentemente, quando virei lado Blogueira Fitness e comecei a buscar uma vida mais saudável, resolvi tentar de novo. Comecei a fazer caminhadas na rua e na esteira da academia do prédio, sem pressão de correr, mas tentando caminhar rápido e fazer distâncias longas.

Eu não tive acompanhamento de nenhum profissional (a grana tava curta e eu ainda não conhecia o EstúdioPass (que também tem assessoria de corrida – vou usar muito mais pra frente).

Depois de algum tempo, tive uma nova lesão: fascite plantar (uma inflamação na planta do pé, no músculo que liga o calcanhar ao restante). Quando li que, se ignorada, pode evoluir para esporão, lá fui de novo pro combo médico + remédio + fisioterapia + repouso e nada de corrida por meses.

Assim que tive alta, resolvei tentar de novo. Descobri que tenho pronação severa (uma pisada super pra dentro quando corro) e investi em tênis de corrida bem bom (e caro, infelizmente) e recomecei com as caminhadas na rua, sem pressa, com foco na distância. Fui respeitando meu corpo e meus limites, sempre buscando melhorar (e sempre, SEMPREm alongando bem antes). Consegui começar a correr um pouquinho no meio das caminhadas e assim fui.

Aí chegou o momento em que eu acreditei que era possível e eu me inscrevi em uma prova de corrida de 5K. Tava com um pouco de medo, mas minhas caminhadas vão de 6km a 8km normalmente, então eu achei que dava para dar uma acelerada e fazer a corrida. Uma amiga que faz corridas disse que é normal não correr o tempo todo, que muita gente faz caminhada + corrida.

Chamei as amigas e o namorado para correr junto, dar aquele apoio moral, e nos inscrevemos num grupo grande (pra ganhar desconto na inscrição!). Escolhemos uma prova que partia do JockeyClub aqui em São Paulo, porque uma das amigas disse que era um percurso reto, com só uma subidinha de leve.

Quase passei mal de nervoso na noite anterior, acordei morrendo de medo, mas fui assim mesmo.

O dia da corrida

No dia, eu me surpreendi de várias formas! Cheguei cedo e o Jockey tava lo-ta-do de gente, todo mundo numa vibe saúde, alto astral, uhul! às seis da manhã e eu lá, meio zumbi ainda. Achei engraçado… mas de um jeito positivo.

Uma das amigas tinha buscado os kits com camiseta, número e boné na semana anterior. No dia, só precisamos pegar o chip (aquele pra colocar no tênis pra que possam controlar o tempo de corrida e tal).

Deu a hora, me alongei, botei uma playlist de corrida animada pra tocar e fui para a largada seguindo as placas de cores (na mesma prova, ia ter gente correndo 5K, 10K e 21K. Eu tava morrendo de medo de sem querer entrar na largada do grupo errado!).

Ainda bem que convenci o namo de correr junto, porque não encontramos o resto do nosso grupo (só no final da prova) e eu tava me sentindo meio perdidona, então foi bom ter alguém do meu lado passando pelo mesmo! 🙂

Comecei a prova correndo, bem de leve, sem forçar nada. Quando senti que precisava, troquei pra caminhada, e assim foi o percurso todo. Os rapidões foram parar lá na frente, mas muita gente tava no mesmo nível que eu. Me senti mais “normal” e confortável.

Comecei a sentir um pouco o joelho direito no meio da prova e peguei mais leve. De tempos em tempos, passava por um povo animadão, uns treinadores que ficavam incentivando seus alunos. “Vamo lá galera, já passou da metade!”. É engraçado como isso ajuda! E a cada xis metros, tinha umas mesas com água geladinha, foi bem útil.

Terminei a prova no tempo 49’38” com pace médio de 9’56” por km, o meu recorde pessoal para essa distância. Fiquei cansada, mas não destruída. Quase chorei quando cruzei a linha de chegada… Para quem mal conseguia andar anos atrás, imagina o gostinho!

Lesões

Apesar de ter sido uma conquista, não saí ilesa da corrida…

A dor no joelho não passou e, uns dias depois, fui ao médico. Descobri que tenho menisco discóide (a cartilagem do joelho é maior que deveria ser) e que ele tinha rasgado um pouco na prova e estava inflamado (meniscite). O médico disse que quem tem o menisco assim nunca fica sabendo a não ser que comece a fazer exercícios e aí, invariavelmente, tem essa lesão. Então não foi que eu tenha feito nada errado (já ajudou a não me sentir culpada). Porém, esse troço não se regenera e vou precisar passar por uma cirurgia para arrumar. Vai ser uma artroscopia, que é minimamente invasiva.

Fiquei chateada, mas bem aliviada que não foi nada com os ligamentos, o que seria muito mais sério… Vou fazer fisioterapia com um profissional especialista em atletas, e meu médico diz que em três meses, se tudo der certo, eu posso voltar a correr.

Também tive dor no pé esquerdo, no hálux (aquela parte em que o osso do dedão do pé junta com o resto). Fui ao médico também e ele disse que estou com metatarsalgia (inflamação nessa área). Pode ter sido uma consequência do joelho: como o joelho esquerdo doeu, eu, sem querer, botei muita pressão no pé direito, pra compensar, e machuquei também.

O doutor me receitou uma palmilha personalizada que diz que vai resolver o problema no longo prazo. A palmilha é bem cara (mais de R$ 600) e ainda não fiz, mas não pretendo demorar muito… Meu pé é assunto sério, vale o investimento e tô torcendo para que parcelem em mil vezes.

Conclusão

Bom, no fim das contas, eu adorei ter feito a corrida. Fiquei muito, mas muito feliz de ter vencido essa barreira na minha vida.

Foi bem chato sair com lesões, mas tudo depende do ponto de vista. Eu poderia encarar essa história como um sinal de que é melhor eu parar de me exercitar para não me machucar mais… Mas prefiro pensar que eu sou vitoriosa porque continuo tentando, apesar de tudo.

Continuo me esforçando para conhecer melhor meu corpo e aprender a cuidar bem dele e a respeitar meus limites, sempre tratando cada lesão com seriedade. Me sinto muito orgulhosa por continuar não desistindo.

A cirurgia deve acontecer nas próximas semanas e, em breve, conto como foi. E, se tudo der certo, não demora muito até eu voltar a correr!

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