Diversos exemplares de feministas, clicadas pela Gabi Butcher.
Saiu esses dias uma matéria sobre uma moça que dá cursos ensinando as outras a “fisgar partidões”. Outro dia comento o curso em si, mas um ponto me chamou a atenção: ela começa sua aula mostrando uma foto de um grupo de mulheres queimando sutiã em representação ao movimento feminista e diz “Não foi nossa culpa que elas fizeram isso, mas precisamos resgatar a feminilidade e a tolerância se quisermos relacionamentos duradouros”.
Essa postura mostra que existe todo um estereotipo em torno das feministas: são todas gordas, feias, de sovaco peludo, desleixadas e mal-amadas. Algumas de nós somos assim? Certamente, e não vemos nada de errado nisso. Mas não somos todas iguais.
Algumas de nós estamos sozinhas, solteiras, divorciadas. Outras namoramos, somos casadas, algumas até somos poligâmicas. Amamos homens, mas algumas de nós também ou só amamos outras mulheres. Somos mães em tempo integral, workaholics e em algum lugar entre as duas coisas, e algumas de nós não queremos nem saber de ter filhos.
Algumas adoramos sexo, outras somos virgens e muitas ainda estamos descobrindo como e com quem gostamos de transar. Somos cristãs, atéias, umbandistas, wicca e agnósticas.
Somos donas de casa, prostitutas, jornalistas, professoras de escola dominical, confeiteiras, programadoras, diretoras, estagiárias e freelancers. Curtimos cozinhar, odiamos cozinhar.
Somos altas e baixas, gordas e magras, somos gostosas da bunda malhada e temos peito caído, algumas se depilam e outras não. Gostamos de mostrar o corpo e somos recatadas. Somos jovens e somos velhas. Temos cabelos longos e curtos, crespos e lisos, e algumas de nós não tem cabelo. Algumas de nos amam maquiagem, sapatos e bolsas, e algumas de nos amam videogame, futebol e putaria (algumas amamos tudo isso ao mesmo tempo e outras, nenhuma das alternativas). Muitas de nós adoram cerveja e algumas prefererimos sucos detox ou vinho docinho.
A única coisa que todas as feministas temos em comum é que lutamos pelo direito de a mulher ser respeitada sendo quem quiser, se vestindo como quiser, ter tendo a profissão que quiser, transando com quem quiser, sendo dona do proprio corpo e podendo decidir o que fazer com ele, sem tê-lo violado contra a sua vontade nem ser impedida de fazer com ele o que quiser, seja controle de natalidade, seja implante de silicone. Isso significa que a gente também luta para ser respeitada como a gente é, sem ter que se encaixar em padrões pré-estabelecidos em relação à moralidade, à familia, à profissão ou ao comportamento. E também para que todos homens tenham os mesmos direitos (incluindo os que não se encaixam no padrão-machão-pegador, sejam héteros ou gays).
Pense nisso antes de odiar as feministas por achar que estamos tentando fazer com que você tenha que se encaixar em algum padrão que não quer. Fica a dica: a gente quer mais é que você seja feliz como quiser, inclusive se você quiser ser uma moça que adora usar rosa, fazer as unhas e sair com homens que pagam a conta no primeiro encontro.