Lola hoje me fez lembrar da primeira vez em que visitei o Parque da Mônica.
Era 1994 e eu tinha nove anos. Lembro quando minha mãe comprou os ingressos pra toda a família numa promoção do clube e de como demorou aquela semana ou duas até o dia do passeio. Mega fã das revistinhas, estava ansiosa para ir desde o ano anterior, quando foi lançado.
No dia, vesti um shortinho jeans e uma blusa rosa de gola rulê e mangas compridas da Pakalolo, de segunda mão, mas uma das minhas favoritas. No cabelo, uma tiarinha rosa combinando. Lembro de me sentir bem bonita aquele dia. Era uma ocasião importante.
Sempre fui uma menina grande. Àquela idade, já tinha ultrapassado a altura máxima para brincar em boa parte dos brinquedos. Mesmo assim, fiquei encantada com o parque e só queria que o dia não acabasse.
Brinquei na cidade das crianças, com seu banco de mentirinha, assisti ao teatro da Turma, subi no trepa-trepa.
Foi nesse último que meu passeio mudou. Estava lá saracoteando quando um menino passou a mão na minha bunda.
Levei o maior susto, virei correndo e dei de cara com o moleque um palmo mais baixo, provavelmente da mesma idade, perguntando se eu queria ficar com ele. Respondi um não invocado e saí do brinquedo.
Logo encontrei minha mãe e era hora do lanche. Sentamos toda a família na lanchonete, comemos hambúrgueres e batatinha, não lembro de ter comentado nada com ninguém.
Mesmo sabendo que não tinha feito nada errado, senti que tinha alguma culpa nessa história. Fiquei pensando que aquele meu short era curto demais pra minha idade e que eu deveria ter tomado mais cuidado ao me vestir.
Passei o resto do dia me preocupando com minha roupa, tomando cuidado quando abaixava ou subia em algum lugar e receosa de encontrar o menino pelo parque.
Nunca mais usei aquele short.
Foto: Correio Digital.