Acordei mal hoje. O gosto da derrota de ontem continua amargo na boca.
E então notei que, pela primeira vez na vida, chorei depois de um jogo de futebol.
Não sei se é a idade, a saudade da terrinha, a cachaça ou o quê, mas esta Copa foi a primeira vez eu torci de verdade.
Assisti cada jogo com o coração na mão. Torci com paixão, xinguei juízes, gritei para os jogadores, me machuquei socando a mesa da sala num chute perdido, comemorei com berros vindos do fundo da alma, quase morri do coração naqueles pênaltis, morri de preocupação com as costas do Neymar.
Nas outras copas, eu também pintei o rosto e decorei a casa de verde e amarelo. Também assisti. Mas pela primeira vez, vivi a experiência de torcer com paixão num campeonato de futebol. Recebemos amigos aqui em casa, cada jogo foi uma festa, cada vitória foi incrível.
Mas quando a gente abre o coração assim e se joga de cabeça em uma nova paixão há sempre o risco de dar com a cara no chão. Pois foi o que aconteceu ontem à noite. Aquele sete a um quebrou meu coração. Doeu e doeu muito. Voltei para casa chorando no ônibus, arrasada. Fiquei nervosa com os derrotistas comemorando o desastre nas redes sociais, e me irritei também com quem dizia que era só um jogo. Acordei amargurada e ainda não consigo rir das piadas e memes.
E então, entendi pela primeira vez o que é a paixão pelo futebol. Esse povo que vai a estádio, solta rojão, chora na final, fica ofendido com gente zuando, sai buzinando o carro quando o time ganha. Sempre achei meio exagerado, e hoje, finalmente, caiu a ficha.
E, em meio à ressaca moral em que me encontro neste momento, parte de mim está feliz por ter vivido tudo isso… De alguma forma, eu ganhei algo novo. Não sei dizer se é algo que veio pra ficar ou se não vou mais ter coração para aguentar isso tudo de novo, mas me sinto grata pela experiência.
Agora, deixa eu voltar a afogar as mágoas numa panela de brigadeiro pra ver se o dia termina melhor.
Foto: daqui.