A gente fala, escreve, deixa nas entrelinhas ou grita, mas puta merda, como é difícil se comunicar, de fato, com outro alguém…
Um pensamento, um sentimento, acontece aqui do lado de dentro. Envolve alguém e a gente quer que a pessoa saiba daquilo. É inexplicavelmente necessário que coloquemos pra fora. Aí a gente se expressa.
Acontece que, no caminho de dentro pra fora, a coisa vai se atrapalhando pra sair. Entala no peito, bate no esôfago, erra a respiração, raspa nos dentes. E quando sai, soa como um erro de tradução. Do ouvido do outro pra dentro, então, outra sequência de caminhos tortos. Que desafio!
Como cansa, e desgasta. Mas é foda, porque guardar pra si não ajuda muito. Sufoca, aperta o peito; corpo estranho que a pele rejeita. O outro precisa saber. Just because.
Queria eu saber dançar como a guriazinha dos clipes da Sia, pra assim me comunicar. Tenho a impressão que minha fala, mesmo tendo eu toda essa desenvoltura com palavras, parece tão nonsense quanto seus movimentos doidos. Pelo menos, seria mais belo – e talvez, mais acertado.
Enfim, assim a gente segue em frente, tentando se entender, se fazer entender, e tomando decisões com a meia dúzia de palavras tortas que talvez tenhamos ouvido certo (não só as do outro, que nem a gente sabe ao certo como são as nossas no original).
Tem alguma beleza nessa agonia toda, acho.
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