O post em que eu explico porque mulher não gosta de cantada na rua viralizou essa semana. E, como era de se esperar, estou recebendo um milhão de comentários, entre mulheres que se identificaram com o texto, homens sem noção achando que estamos todas mentindo ou exagerando e gente refletindo sobre como elogiar alguém de um jeito legal e não invasivo.
Muitos compartilharam comigo este vídeo, que coloca um homem no lugar de uma mulher e mostra o tipo de incômodo que a gente sofre diariamente, e também um tipo de violência que, infelizmente, já aconteceu com muitas de nós.
Achei curioso e bastante inverossímil, justamente porque homens não passam por situações como ter que olhar pro lado antes de abrir um botão a mais da camisa por calor, para que não confundam com provocação e mexam com você, ou então ter suas escolhas questionadas por se vestir demais ou de menos, como na cena com o rapaz muçulmano. Claro que esse é justamente o objetivo: causar um estranhamento e dizer “magina, isso é um absurdo” para que a gente pensa “se achamos um absurdo isso acontecer com um cara, porque não achamos o mesmo quando acontece com uma mulher?”.
Por outro lado, acho que não mostra direito a questão do medo que a gente sente. Porque a vítima dos assédios no filme é maior e mais forte que as pessoas que o assediam. A gente, quando é assediada, é geralmente por alguém maior e mais forte, e que poderia facilmente nos bater ou forçar algo a mais. Tenho pavor só de pensar…
De qualquer maneira, é um bom filme para o exercício de se colocar do outro lado. Fiquei aqui pensando que bom seria um mundo em que a gente pudesse correr sem camisa num dia quente de verão, como qualquer homem faz, sem ser alvo de gracinhas e obscenidades (não tô nem falando em olhares). E como seria horrível um mundo em que nós, mulheres, fôssemos tão mal-educadas como certos caras são com a gente nessa questão da cantada na rua, do assédio, de achar que se vestem e saem na rua só pra serem avaliados por nós. Credo…
E vocês, o que acharam do vídeo?