E a Cíntia na Suíça, hein?

Cintia e Caue em Genebra
Eu e o marido aqui em Genebra, na Vieille Ville.

Fiquei aqui, meio com vergonha de ficar postando minhas primeiras reações a morar na Europa por um motivo simples: eu sou um clichê ambulante. Amei ver neve, tenho saudades de requeijão, passo vergonha arriscando no francês, dou sorrisinho quando ouço música brasileira no bar (seja Michel Teló ou Adriana Calcanhoto), essas coisas que vocês já ouviram mil vezes…

Mas nessas acabei deixando de contar as novidades, né? Pois aqui vai um resuminho pra você que me quer bem e quer saber como as coisas andam.

Começo dizendo que estou amando essa experiência de morar fora. Tenho viajado bastante, comido coisas novas, passado por experiências curiosas com o clima, a língua e os costumes e tem sido muito legal.

Cintia e Caue na neve
A gente fazendo ski em Les Carroz, no inverno.

Meu primeiro mês foi dedicado a achar um apartamento. O mercado imobiliário é muito difícil aqui em Genebra. Com apenas 0,2% dos imóveis à disposição, os donos tem um poder muito grande na negociação e os locatários têm que aceitar as condições impostas se quiser ter onde morar. Teve vezes em que, enquanto visitávamos a casa, chegaram mais uns três casais para visitar também…

Aí, precisávamos fazer uma proposta no mesmo dia, mesmo sem ter outro apê pra comparar, sob risco de não ter nem chance. Até porque o dono do imóvel analisa as mil propostas recebidas e a ordem de chegada é um dos critérios para sua escolha (a sua renda e ter ou não filhos são outros…).

Mas demos a maior sorte e encontramos um cara que tinha três apartamentos para alugar, todos muito lindos, em lugares bacanas e dentro do orçamento. Nos “inscrevemos” para os três, deixando claro que qualquer um nos agradaria muito. E não é que o cara nos deu o nosso favorito? Um apartamento ao lado de um parque lindo, com varandas dos dois lados (chamam de traversant), maior que meu apê antigo, com ponto de ônibus e supermercado na frente… Um sonho de consumo!

O que me levou à fase dois: peregrinações à Ikea e lojas de eletrodomésticos. Quem acompanha meu Instagram viu que baixou a carpinteira aqui.

Menina usando parafusadeira

Eu e minha parafusadeira.

Explico: em Genebra (e, ao que tudo indica, na Europa inteira), contratar prestadores de serviços é um luxo e as pessoas tem o costume de fazer quase tudo por conta própria. O porquê está lindamente explicado neste texto aqui.

Na prática, isso significa que lá na Ikea, eu mesma tive que pegar as caixas com partes de móveis e os colchões no estoque (quem aí tá visualizando dona Cíntia desastrada fazendo isso sem assistência de nenhum funcionário e rindo litros?), passar no caixa self-service, levar para a área de entrega a domicílio e pagar 13% do valor dos produtos em entrega (sairia mais barato levar de carro, mas eu não tinha carro ainda…). Significa também que, quando chegava tudo em casa, eu e o maridón tivemos que montar tudo, incluindo o estrado da cama (tipo, 40 vigas que tivemos que encaixar manualmente). Foram dias de parafusar, furar, montar, desmontar e limpar a bagunça depois…

Mas com a ajuda do marido, que manja dessas coisas, peguei o jeito. Comprei ferramentas, um carrinho de carga, já sabia qual luva usar para não deixar a mão áspera nem cheia de farpas, onde montar, quanto tempo demorava…

Aliás, não ter carro nessa época e ter um sistema de transporte público bacana nos proporcionou outra experiência única: carregar TV, microondas, tábua de passar, tudo no ônibus. É mega estranho… É desconfortável e trambolhento e, ao mesmo tempo, possível – o que é incrível pra mim. Quando eu ia imaginar sair na rua com uma TV enorme sem perigo de ser assaltada e cabendo no ônibus sem atrapalhar ninguém?

A próxima fase foi o curso de francês. Como bem me alertou dona MaWá, não saber a língua local é um fator excludente. Assim que possível, me matriculei num curso semi-intensivo de francês e tenho me esforçado. Lembrei que adoro línguas e não sei porque fiquei tantos anos sem estudar nenhuma…

Tem sido gostoso aprender, mas sou muito ansiosa nesse sentido. Me dá nervoso de não ser fluente ainda (sou carroça-antes-dos-bois-llifestyle), ter dificuldade em montar frases e conversar com as pessoas… Lembro que me senti assim também quando comecei a fazer aulas de direção na auto-escola. E assim como não teve jeito daquela vez a não ser esperar e aprender, é preciso paciência e esforço desta também.

Cintia fazendo look do dia no elevador

Eu fazendo foto de look do dia depois do trabalho.

Bom, há uns três meses, começou uma nova fase dessa aventura: arrumei um emprego. Essa vida de ficar em casa, sem amigos para poder curtir o tempo livre e sem a menor vocação pra dona-de-casa, estava me deixando mal… Resolvi procurar e, novamente, maior sorte do mundo. Além de mandar currículos pras vagas que encontrei no Linkedin (santo Linkedin!) e em outros sites, googlei “social media agencies in Geneva” e saí mandando uma mensagem pra todas de “oi, tô solteira na pishta, pega eu”. E não é que funcionou? No dia seguinte já tinha uma entrevista e fui contratada como social planner. Fiquei muito, muito feliz!

O emprego me ajuda a melhorar no francês. Apesar de falarem em inglês comigo, falam entre si na língua nativa e eu fico aqui, ouvindo e tentando decifrar. Além do que, ter que ler vários ppts em francês, com a ajuda de São Google Translator e Santo Michaelis, me ajuda a aumentar meu vocabulário. Já sei, inclusive, dizer “valor agregado” em francês, vejam só vocês! :).

Cintia e Caue em Annecy
Maridão e eu em Annecy.

Nesse meio tempo, compramos um carro e conhecemos várias cidades da Suíça e da França: fazemos feira em Divonne Les Bains e esquiamos em Les Carroz (ambos em terras francesas= fomos a Basel, visitar os queridos Célio e Elaisa, e voltei com o chefe um tempo depois para Baselworld (a maior feira de relógios de luxo do mundo), conheci a filial da minha agência em Vevey e visitei clientes em La Chaux de Fonds e Biel, estas todas cidades suíças. Com os cunhados, conhecemos Montreux, aquela do festival de jazz, e Chillon. Com o marido e com amigos (a Carol, que veio morar aqui, e o Marcelo, que tava morando em Amsterdam e veio passear!), conhecemos Annecy, do lado de lá da fronteira com a França. E com o Eddy, que é francês, mora no Brasil e estava de passagem pela Europa, conhecemos mais meia dúzia de vilazinhas da região da Alsácia, também na França.E não podia faltar Paris, né? Passamos um fim-de-semana prolongado lá na companhia do Julien e da Rita.

Cintia e Caue em Paris.
Nós em Paris.

Cidadezinha medieval na Alsacia.

Cidadezinha medieval na Alsácia.

Castelo de Chillon.

Castelo de Chillon com Alpes suíços atrás.

Também já recebemos nossos primeiros hóspedes. A Mayra e o Michel, irmã do marido e cunhado, passaram duas semanas conosco. Foi uma delícia… O Marcelo, colega do marido, também passou uns dias lem casa e foram muitas as risadas…

Mayra e Cintia em Chillon

Eu e a Mayra tomando sorvete em Chillon.

Caue e Marcelo em Annecy

Cauê e Marcelo dirigindo mini lancha em Annecy.

Agora, estamos em fase de comemorar o tempo bonito que veio no meio da primavera – quando a temperatura passa dos 14°C, já ficamos felizes. Engraçado ver na rua o povo de regata, sandália, mini-short com um “calor” de 20°C, mas, depois de sentir o invernão, faz todo sentido! Temos mais é que aproveitar cada dia de sol!

Daqui a um mês, meus pais virão nos visitar e vai ser uma nova aventura… Estou morrendo de ansiedade!

Enfim, amigos. Por enquanto é isso. Detesto fazer promessas em blog, maaas prometo que tentarei escrever mais sobre o tema para que vocês acompanhem minha jornada!

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